quinta-feira, 7 de julho de 2011

Somos todos soldados, armados ou não



Na famosa música de Geraldo Vandré, há uma estrofe que diz:

Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição

Somos todos soldados- diz a música- e o somos nas escolas, ruas, campos e construções; entretanto, que raios de soldado milita desarmado?

A música mesma nos responde. Estamos, sim, todos armados: os amores, as certezas, a História- enfim, a força e a vontade de lutar pelos sonhos e os ideais.

Eu acredito muito na força e no simbolismo dos contos-de-fada. Pequenos, somos encantados pelas estórias de nobres guerreiros que arriscavam suas vidas para lutar pela Princesa, pelo Reino, pelo Povo ou por qualquer coisa que seja.

Na verdade, - e eu acredito piamente nisso- o que nos encanta, quando pequenos, não é o Reino, nem a Princesa, nem o Povo, mas sim a luta; entendida como a doação de si mesmo para aquilo que o herói acredita que é o certo, o valor, o justo, o santo.

Sempre me encantei pelas epopéias, pela guerra, pela luta. Obviamente, não pela morte, pela dor ou pelo sofrimento que estúpidas guerras causaram à Humanidade, mas sim pelo valor de certos homens que, arriscando tudo o que possuíam, desembanhavam as espadas para lutar por aquilo em que acreditavam: o País, a família, o Cristianismo.

A verdade é que somos todos soldados. Somos todos sujeitos ativos na História, quer o queriamos ou não; entretanto, é com muita tristeza, que, dentre esses soldados, hoje há muitos deserdores.

Tantos há que, acomodados em sua situação, deixam-se serem levados pela vida, passivamente, cantarolando, com seus atos: "deixa a vida me levar, vida leva eu"

Dante Alighieri, em sua clássica Divina Comédia, reserva um lugar especial para os "indiferentes", aqueles que viveram "sem jamais ter merecido/Nem louvor, nem censura infamadora". São obrigados a passar o tempo correndo atrás de uma bandeira, enquanto animais ferozes os atacam.

A esses se aplicam as palavras do poema "Embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu".

É hora de perdermos esse marasmo de uma pseudo cultura de Paz e Amor, que não é nada mais do que indiferença e relativismo. É hora de nós, soldados, utilizarmos nossas armas: a história na mão, a certeza na mente, as flores no chão e o amor no coração.

sábado, 2 de julho de 2011

''Não importa o que dizem de você, mas sim quem diz para você''




Esta frase, ouvi-a do meu colega Evaldo Silva, e achei-a linda, por unir concisào, profundidade de sentido e simplicidade de forma.

Isso me remonta a uma graciosa estória. Estava um homem já idoso e um menino com um jumento caminhando em uma estrada. Como era de se esperar, o idoso estava sentado no animal enquanto o jovem caminhava a pé, ao seu lado. Depois de algum tempo de caminhada, passaram por duas pessoas que comentaram:"Que absurdo! Um homem deste tamanha sentado no jumento enquanto o pobre menino caminha só".

Então, eles se entreolharam e resolveram trocar de lugar. O menino montou o jumentinho e o homem caminhava a pé ao seu lado.

Passaram, então, por duas senhoras, que comentavam: "Isso é um absurdo! Não se respeitam mais os mais velhos como antigamente. Veja só: enquanto o pobre homem caminha a pé, aquele menino folgado vai no montado no jumento".

Os dois se entreolharam e tomaram uma decisão: os dois iriam em cima do jumentinho. Tudo resolvido. Ninguém mais iria reclamar...

Ledo engano. Caminharam mais um pouco e se encontraram com uma mulher, que bradava:"Seus cruéis. Os dois montados sobre este pobre jumentinho. Seus desalmados".

Os dois, então, pararam, entreolharam-se, colararam o jumento em seus ombros e continuaram a caminhar.

O elemento cômico desta estória mostra o ridículo a que se expõe aqueles que, ao valorizarem determinadas críticas, tomam resoluções totalmente desarrazoadas.

E, agora, posso chegar ao cerne da questão: a parada gay de São Paulo.

Como é de conhecimento de todos, a parada gay se utilizou de imagens de santos católicos em posses e situações de sensualidade com forte entonação homossexual.

Infelizmente, não posso simplismente desprezar essa canalhice. Eu bem que o gostaria, pois ser desprezado é pior que ser combatido; pois, quando combatemos alguém, de certa forma, demonstramos sua importância; mas quando desprezamos simplismente reforçamos sua insignificância.

Entretanto, não posso desprezar esse ato execrável, já que a maioria da população católica não atentou ainda ao processo a qual estamos submetidos- e é dever dos católicos alertar ao perigo que estamos sofrendo.

A verdade é que este caso não é algo pontual e efêmero. Estamos no meio de um turbilhão feroz que tem por objetivo arrancar, até as raízes, tudo o que ainda há de cultura cristã em nossa sociedade.

O Movimento GBLT tem o Cristinismo- e, de forma especial, a Igreja Católica- como seus grandes inimigos, como o grande veneno e o grande mal da sociedade para o qual não há escárnia suficiente nem zombaria à altura.

Já há muito tempo há todo um sistemático ataque aos valores cristãos, e o Movimento GBLT tem um papel fundamental nesta tentativa de construção de novos valores (que valores? Ninguém sabe, nem os próprios arautos da Modernidade).

Há piadas cômicas, se não fossem trágicas, como o novo projeto de Lei e o projeto de emenda constitucional que eles pleiteiam, blindando-os de qualquer forma de crítica e promovendo uma vitimização ilária.

A Ditadura gay é a que mais fala de respeito, e é o movimento que mais desrespeita.

Eis alguns exemplos de que falo:

Infelizmente, o grande intelectual brasileiro, Olavo de Carvalho, é meio desbocado, mas vale a pena ouvi-lo, do qual ele fala do projeto de reestruturação mundial (Nova Ordem Mundial):







segunda-feira, 28 de março de 2011

Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão


"Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão..."- entoa uma música brasileira.

Isso me faz lembrar as doces recordações da minha infância, em que o mundo se me apresentava como uma realidade extremamente mágica, incrível, e maravilhosa demais para ser racionalizada, restando-me apenas admirá-la, como diria o saudoso Chesterton.

Como eu já tive a oportunidade de comentar aqui, eu não queria crescer, quando criança. O "mundo dos adultos"- com seus hermêticos e intricados problemas- parecia uma realidade muito distante e penosa. Preferia esconder-me sob o véu invísivel da minha infância, mantendo a vida como um idílico sonho, recheado de uma proteção imaginária e cercada das ternas alegrias infantis.

Mas o tempo- essa terrível realidade que não nos permite nos darmos ao luxo de caminharmos com nossas próprias pernas, mas sempre nos impele que nos submetamos ao ritmo que ele despoticamente nos impõe- arrastou-me para além dos imaginários limites que eu tinha traçado da minha infância- e se eu pudesse personificá-la, imaginá-la-ia cantando para mim, como na clássica música: "Ainda é cedo, amor. Mau começastes a compreender a vida, já anuncias a hora de partida, sem saber mesmo para onde vais (...) Ouça-me bem, amor, preste atenção: o mundo é um moinho. Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos, vai reduzir tuas ilusões a pó".

Crescemos todos nós e aprendemos muitas coisas, mas, infelizmente esquecemos os cândidos ensinamentos que nossa infância quis nos deixar de herança.

Passamos a racionalizar o mundo, o homem, a alma, esquecendo-se da mais sábia disposição infantil: o mundo e o homem são como os contos de fada: impossíveis de racionalizá-los, restando-nos apenas admirá-los. Trocamos nossos mais altruísticos e nobres desejos pela mais próxima quinquilharia que se nos é oferecida. Substituimos os relacionamentos baseados na confiança e no amor mútuos por relacionamentos marcados pelo ciúmes, inveja, ambição e orgulho.

Encantam-me os olhos de um bebê, de uma criancinha: olhos vivos, como que querendo absorver, de um só golpe, todo o Universo, trazer todas as sensações, experimentar todas as realidades.

Deve ser por isso que sou encantado pelo Pequeno Príncipe, de Exupery. É a realidade da alma humana que ele visita, ao visitar os planetas; afinal, como diziam os antigos gregos: o homem é um mundo em miniatura. E o melhor: tudo isso visto pelo olhar daquele que ainda sabe se fazer criança.

Geralmente, ao crescermos, cubrimo-nos de máscaras, pois sentimos a necessidade de enquadrarmos nossa personalidade, nossa maneira de ser e de viver nas exigências socias. Deixamos de fazer aquela cândida observação, de falar aquela tosca e agradável bobagem, de fazer aquela grande futilidade.. deixamos, enfim, de sermos nós mesmos, para parecermos sermos alguma coisa para os outros.

Alguns, pensando desferir-me uma crítica, enchem-me de lisonja, ao olhar para mim com ares de reprovação e dizer: "Tsc, tsc, parece uma criança"- então eu vejo que ainda há esperanças, que minha infância ainda me deixou legados, que ainda hei de perscrutar e achar belos tesouros nas caminhadas da vida.

Como disse um bacharel de Direito (Rodrigo Zimmerman) em seu discurso de formatura http://www.youtube.com/watch?v=TAATndQBfg4,

"E para terminar, meus queridos, gostaria de fazer um pedido para vocês.Não abondonemos a ingenuidade, não abondonemos o sonho impúbere. Meus queridos, quando olhamo-nos no espelho, vejamo-nos crianças, façamo-nos pequenos, quando tudo nos era grande".

Talvez é chegada a hora de abatermos nosso orgulho e, pensarmos, ainda que em um breve momento, que realmente, talvez, no fundo, no fundo, as nuvens nunca deixaram de ser de algodão e que, no fundo, vivemos em um conto de fadas, escrito num livro chamado Mundo.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Os sonhos são reais




http://www.youtube.com/watch?v=m9TAv-04qSs

Eis, acima, o trailler do filme "A Origem", protagonizado por Leonardo Di Caprio, com um roteiro que demorou mais de uma década para ser escrito.

O filme penetra nos mundo dos sonhos- ou melhor, no mundo da mente, das idéias.

Nele, o personagem trabalha com uma máquina que é capaz de invadir as mentes, penetrando no subconsciente das pessoas ligadas à máquina. Por meio desses aparelhos, ele consegue extrair sonhos- uma espécie de espionagem onírica.

O grande desafio para o protagonista, no entanto, é conseguir inserir uma idéia em uma mente (daí o nome original do filme: Inception).

O filme deixa bem claro o papel fundamental que as ideias tem na realidade humana. Ela não é um acessório- ela é a arma mais perigosa que se pode utilizar. Por meio da inserção de uma simples ideia no herdeiro de uma empresa, o personagem quer destruir um grande imperio financeiro de uma multinacional de energia.

O filme me fez lembrar de uma frase que eu gosto sempre de dizer: são as ideias que movem o mundo- e é incrível como as pessoas não se lembram disso.

Geralmente, ao se falar das grandes reviravoltas da História, ao se falar dos grandes planos sociais, ao se desfilar as grandes conquistas ou as amargosas derrotas sempre se citam fatos, personagens, isso ou aquilo, mas muitos não percebem que, na verdade, tudo isso era movido por ideais, planos, sonhos...

Há uma frase que eu aprecio bastante que diz: "O medíocre discute pessoas. O comum discute fatos. O sábio discute idéias".

Ao deitarmos nossos olhos no espetáculo dramático da História humana, podemos visualizar isso de forma mais real- e mais dolorosa.

O mar de sangue que banhou a Europa, trucidando homens e mulheres, crianças e adultos, leigos e religiosos, pobres e ricos, teve sua origem não em um agitação política, nem em um líder nato. O Vale de Sangue que temou a Europa no século XX teve sua causa em uma ideia: o Comunismo. Por acreditar nele, que exércitos se moveram, que guerras aconteceram, que cidadãos foram massacrados, que famílias foram despedaçadas. Era para muitos um sonho, um ideal nobre... Mas o sonho desabou sobre suas cabeças e o castelo de sonhos deixou marcas muito reais- uma trilha de sangue em toda a Rússia, em toda a União Soviética.

Foi a ideia de que a raça ariana era superior que levou milhões à morte durante o Nazismo. Foi a ideia do nacionalismo que levou países às mais cruentas guerras.

O grande perigo da humanidade não são as armas de ferro e de fogo; não são os grandes exércitos, nem as bombas de Hidrogênio. O grande perigo da Humanidade são as más idéias, os fúnebres ideais, os macabros sonhos.

E então, mais uma vez, não posso deixar de lembrar da implacável- e furiosa- reação da Igreja contra as Heresias. Ela, perita em Humanidade, caminha há dois milênios com os homens neste vale de lágrimas. Ela sabe a força devastadora que uma ideia- que uma palavra- pode ter.

Os inquisitores abrasavam fogueiras não para conter revoluções ou líderes oposicionistas- mas para conter ideias, que seriam mortais, como a dos albiginenses. Sabiam que uma ideia virulenta dissimulada só levaria à morte e a destruição. Sabendo da força de um ideal, usavam a força física; hoje eminentes literatos reclamam das torturas físicas sem perceberem que praticam algo muito pior em suas obras pestilentas: a tortura moral. Que o diga um eminente escritor que abordado em sua sala por um leitor, assustou-se ao vê-lo ofegante dizendo que ia se matar... e que a culpa era dele, do escritor. Saiu correndo e em pouco tempo jazia morto.

Na Idade Média, o povo não hesitava em matar para se proteger de uma ideia. Hoje, são as ideias que matam- e as vítimas são muitíssimo mais numerosas.

Mas hoje me dia, em uma sociedade extremamente materialista, é difícil perceber isso. Essa verdade parece cada vez mais escondida pela "realidade da matéria"- assim as loucas ideias circulam mais livremente, já que, para a maioria, elas sequer existem, ou, se existem, não oferecem perigo. E assim o mal escondido se torna mais pestilento, porque é tratado não com as armas e as forças que merecem, mas, escondido, é visto, no máximo, como uma características dos tempos- Oh tempora, oh mores.

As ideias são os grandes motores da humanidade para o bem e para o mal.

Apesar de hesitar, não resisto a terminar com um trecho do livro "Ortodoxia", de Chesterton:

"A Igreja ortodoxa nunca tomou a rota fácil ou aceitou as convenções; a Igreja ortodoxa nunca foi respetável. Teria sido mais fácil aceitar o poder terreno dos arianos. Teria sido mais fácil, durante o calvinista século XVII, cair no abismo infinito da predestinação. É fácil ser louco, é fácil ser herege. É sempre fácil deixar que cada época tenha a sua cabeça; o difícil é não perder a própria cabeça. É sempre fácil ser um modernista; assim como é fácil ser um snob. Cair em qualquer uma das ciladas explícitas do erro e do exagero que um modismo atrás de outro e de uma seita depois de outra espalharam ao longo da trilha histórica do cristianismo- isso teria sido de fato simples.
É simples cair; há um número infinito de ângulos para levar alguém à queda, e apenas um para mantê-lo de pé."