sábado, 30 de outubro de 2010

Entre duas miopias



Hoje é o dia final da campanha eleitoral que se arrasta há meses nesta Terra de Santa Cruz. E, nesta madrugada, sou levado a escrevar mais alguns pares de linhas sobre o que está a se nos desenrolar frente aos nossos olhos.

Sei que Dilma vencerá a eleição, não por sua competência ou por sua habilidade política, mas pelo seu padrinho político, o carísmatico e popular presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

E confesso que um certo temor e tristeza invadem-me a alma. Tenho plena consciência que os próximos anos serão os anos mais sujos da História Política deste País. Não tenho dúvidas que o País irá tremer e dividir-se diante das incursões do Partido dos Trabalhadores em suas tentativas de desmoralização do País.

É apenas mera questão de tempo para vermos projetos de leis pupularem nos quatro cantos do Brasil, com previsão de descriminalização do aborto, de "controle social da imprensa", de "casamento gay", descriminalização da prostituição e mais uma infandável lista de "propostas partidárias".

Mas não será só isso. Tenho plena consciência que haverá hipertrofia do Poder Executivo; ingerências prejudiciais do Estado na área privada e mais um sem-fim de medidas que terão por objetivos a concretização da "vontade do povo".

Há poucos minutos atrás, estava preparando-me para desligar o computador e ir deitar-me, mas uma frase de um amigo do Orkut me chamou a atenção. Na mensagem do Orkut, ele deixou a seguinte frase: "TEM GENTE QUE É TÃO BURRA QUE PENSA QUE UMA PESSOA QUE TINHA QUASE 10 GRAUS DE MIOPIA ERA GERRILHEIRA!". E eu fico aqui fazendo reminiscência de minhas vagas noções de metafísica, apelando para minhas esfumaçadas recordações de Aristóteles e esforçando-me para lembrar das precisas indicações de Santo Tomás, mas não consigo realmente, a despeito de meu esforço, perceber a relação de causalidade entre ter miopia e ser guerrilheira... Deve ser porque eu estou enquadrado na "gente que é tão burra"!

O grande escritor britânico Gilbert Keith Chesterton, em seu livro Ortodoxia faz uma sublime análise da loucura e do bom senso, e traz, de forma singularmente genial, a sua visão de loucura: é a prisão a uma só idéia.

Todas as teorias devem partir da realidade. Santo Tomas vai dizer que a verdade é a adequação do intelecto às coisas. Singelo, certeiro e verdadeiro. Porém, no fantástico mundo do louco pouco importam os fatos. Não é sua mente que deve se adaptar aos fatos- são os fatos que devem se adaptar à sua mente. Todo o Universo deve se enquadrar naquele doloroso ponto da única idéia; tudo deve gravitar ao redor daquela circular obsessão. Neste caso, como disse o filósofo britânico, todos os remédios são remédios desesperados, todas as curas são curas milagrosas. Curar um louco não é debater com um filósofo: é expulsar um demônio.

Mas o mais interessante em sua análise acerca da loucura é que ele dizia que não adiantava debater com um louco. Dizia que, ao contrário do que todos costumam pensar, o louco não perdeu a razão. Ele teria perdido tudo, menos a razão. O seu grande mal era a perda da imaginação, o sadio pluralismo e a sadia divergência, que o permitessem enxergar além daquela triste prisão de uma idéia só, que o permitessem livrar-se de sua... miopia.

E eu não pude deixar de perceber a estranha analogia da análise de Chesterton com o que eu pude presenciar nessa campanha eleitoral por parte dos entusiasmados petistas: é surpreendente e assustador a prisão deles a uma só idéia.

Para mim, o primeiro sinal de uma lavagem cerebral é uma visão dualista e maniquéia do mundo e das coisas. Isso, para mim, ficou muito mais que comprovado em relação aos partidários da campanha da Dilma. Os nobres companheiros eram os grandes Arautos do Desenvolvimento e da Erradicação da Pobreza, enquanto a oposição era os interesseiros, burgueses que queriam deixar o povo na miséria e na ignorância. De um lado, estavam os altruístas salvadores da Pátria; doutro, os miséraveis traidores dela.

Engraçado que hoje mesmo uma pessoa chega para mim do nada e disse: "Que é isso? Soube que você vai votar no Serra!"... "Tu é louco. Tu é doido. Realmente, é muito ruim o PT, né? O povo tem é que se lascar mesmo, o povo tem é que ficar na miséria. PSDB é o rico cada vez ficando mais rico, e o pobre cada vez ficando mais pobre".

Claro que isso não foi feito com a compostura e a dignidade que a palavra escrita exterioriza. Alías, nunca vi um defensor do PT ter um mínimo de compostura em uma conversa comigo. Pus-me, com uma paciência que não sei de onde retirei, a responder calmamente as questões por ele levantadas, o que o levou a assumir o erro da posição maniquéia, dualista e simplista que manifestara no começo da conversa.

Hoje, percebo claramente que nem os fatos clarividentes são capazes de impedi-los em suas argumentações. A realidade pouco importa. Que se amoldem os fatos à teoria: a esquerda é do bem; a Direita é do mal, e quem disser ao contrário ou é produto da mídia manipuladora, ou é um burguês safado-interesseiro ou é um servidor dos poderosos contra a humilde e pobre população brasileira. Pouco importam os números, os fatos, as análises econômicos... É assim e pronto.

Depois que Frei Betto aparece com um texto mediocre como o que eu comentei em um post abaixo, percebo que não há nenhum escrúpulo por parte deste pessoal em torcer descaradamente os fatos, para adaptar os fatos ao seu mundo cor-de-rosa; ou melhor: ao seu mundo vermelho-sangue.

Agora, Dilma já não foi mais de grupos terroristas. Os depoimentos, a prisões, a ficha criminal são "calúnias da oposição". Afinal, haveria uma incompatibilidade ontológica em ser guerrilheiro e usar óculos. Alguns agora acham que para ser míope de espírito temos que ser também miopes dos olhos.

Hoje eu percebo que não há mais tantos motivos para debates com boa parte deles. Simplesmente porque o debate exige acolhimento à verdade e ao diálogo, o que grande parte demonstra sobejamente não o ter.

Lembro-me que, quando criança, eu tinha um amigo com o qual eu sempre brincava, e, às vezes, aconteciam divergências. Quando meus argumentos eram demasiadamente fortes, ele se limitava a abrir a boca e bater na face, dizendo: "perdeu, vacilou", e cada vez mais alto, de forma a me silenciar.

Os fanáticos partidários do PT agem assim, como meu infantil amigo. Como, no fundo, eles sabem que não podem vencer pela força dos argumentos, querem vencer pelo argumento da força, seja pela violência física, seja pela moral(não foi José Dirceu quem disse que deveríamos apanhar na rua e nas urnas?).

Bem, Dilma não podia ser terrorista mesmo... tinha miopia física, e por acreditar que ela o era, eu tenho miopia intelectual, faça parte da "gente tão burra". Só é uma pena que, no Universo Paralelo criado pelos devaneios petistas, formado por muitas mentiras e algumas meias-verdades, muitos não conseguem enxergar a miopia ética, cívica e moral para a qual caminha o Brasil.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O Crucifixo



Neste momento em que o furor laicista e relativista quer extirpar os valores religiosos da Sociedade Civil, como se esses fossem apenas apêndices subjetivos descartáveis, arrancando os crucifixos das repartições públicas e dos Tribunais do País, vale reproduzir um trecho do livro "Histórias do meu coração", do padre americano John Powell, SJ:

Dorothy Thompson

DOROTHY THOMPSON era uma escritura que escrevia colunas para diversas publicações, trabalhando como freelance. Certamente, não era uma pessoa muito religiosa. Ela era conhecida sobretudo por beber bastante.

Certa vez, esta mesma Dorothy Thompson estava entrevistando um prisioneiro que havia sido libertado do campo e concentração nazista de Dachau.

Mesmo o jornalista mais experimentado se arrepiava com as histórias das atrocidades cometidas por guardas e pelos prisioneiros, narradas por essa pessoa. Após ouvir suas histórias, ela lhe perguntou: "Alguém permaneceu humano depois disso tudo?".

A primeira resposta que lhe veio à cabeça foi: "Não, ninguém permaneceu humano". Mas após refletir por alguns instantes, ele respondeu: "Na verdade, algumas pessoas conseguiram permancer humanas. Refiro-me às pessoas religiosas. Elas costumavam dar suas já reduzidas refeições às pessoas que elas consideravam mais necessitadas. E elas rezavam por todos nós".

Dorothy Thompson concluiu sua reportagem e sua entrevista com as segintes reflexões: "Se pudéssemos visitar as residências dos poucos nazistas que estavam no comando, teríamos encontrado diplomas provenientes das melhores instituições de ensino superior de toda a Alemanha. Sobre seus pianos, teríamos encontrado as partituras do que há de melhor em música clássica, de autoria dos maiores compositores. Nas estantes de suas bibliotecas, teríamos encontrado o que hpá de melhor na literatura universal. Mas aposto que jamais encontraríamos um único crucifixo. A visão de Jesus crucificado faria com que eles se perguntassem a si mesmos: "Por que estamos fazendo isso?" Estou começando a acreditar que tudo é possível com a ajuda de Deus".

Deus enviou seu filho a este mundo não para condená-lo, mas para amá-lo em toda sua plenitude


Pe. John Powell, SJ

domingo, 17 de outubro de 2010

As duas comédias




Existem dois tipos de comédias no mundo: as feitas para rirmos; e as compostas para chorarmos. Alguém disse que a História nada mais é do que o relato das loucuras dos homens através do Tempo. Não o culpo diante de tão pessimista visão, pois, se não é real, é ao menos verossímil.

Alguns filósofos gregos disputaram: diante das loucuras dos homens, é melhor rirmos ou chorarmos? Ficarmos com as lágrimas de Heráclito ou com os risos de Demócrito? Bem, o certo é que, por vezes, encontramo-nos diante de certas situações nas quais temos vontade de chorar, porque a desgraça o merece; mas ficamos também com vontade de rir, de tão irônica e absurda a situação. No segunda caso,temos "melhor rir do que chorar", e no primeiro: "seria cômico, não fosse trágico".

Dentre dessa situação paradoxal, encontra-se o texto do Frei Betto.
Diante de um texto tão absurdo, não sei se riu ou se choro.

Mas, primeiramente, quero colocar a situação em seu devido lugar. A campanha presidencial entrou em um nível de baixaria incrível. As propostas são preteridas pelas acusações de índole pessoal, de ambos os lados. Neste interím, como era de se esperar, alguns haveriam de se levantar contra as "calúnias" e "boatos" perpetrados contra o PT e sua candidata. De preferência, alguém que viesse das "fileiras" adversárias. Então, surgiu um tosco manifesto religioso Pró-Dilma e um ridículo texto do Frei Betto, o qual passo a comentar.

Na última quinta-feira, sabia que teria que adentrar parte da madrugada estudando para a prova do dia seguinte. Por motivos relevantes, abri meu e-mail já quase às doze horas, cansado e ainda tendo que ler várias páginas de uma matéria enfadonha e cansativa. Vi o e-mail de um amigo meu que sempre me manda notícias pró-PT, pró-Dilma et caterva. Geralmente, não respondo. Para não criar conflitos desnessários, fico silente; mas, desta vez, não obstante as obrigações que me esperavam, tive que separar alguns pares de minutos para responder-lhe e comentar o texto.

Pois bem, agora viajemos no tempo para o sábado, no qual recebi a notícia: Serra tinha ido a uma Missa e Tasso quis "tirar" satisfação com o padre, que reclamara da presença deles e da planfetagem. Pois bem, com certeza -e com razão- muitas vozes se levantaram: "Fazer panfletagem na missa? Que absurdo", "Manipular a Fé do povo para motivos eleitoreiros? Que vergonha!". Pois bem, as críticas são quase em sua integralidade justas e procedentes, mas continuamos para chegarmos no "miolo" da questão.

Hoje à noite, depois da Missa, sou surpreendido com a panfletagem do mesmo texto que meu amigo me enviou. Logicamente, perdi a paciência. Os militantes petistas bradam: "manipuladores" da Fé, mas não hesitam em distribuir esse texto de Frei Betto em dezenas de Igreja. Mas já se foi o tempo em que essas atitudes me surpreendiam; do PT já quase nada me surpreende.

Pois bem, fui desafiado a escrever um textinho sobre essa comédia- poderia fazer um livro; talvez ainda o faça-, e, ainda neste domingo, decido escrever, o que é bem raro, mas que as circunstâncias mo impulsionam.

O link do artigo (ou da comédia, como bem lhes aprouverem) se encontra no link:

http://blogdadilma.blog.br/2010/10/frei-betto-dilma-e-a-fe-crista.html

Pois bem, como já disse, poderia escrever um livro: bandidagem, corrupção, incoerência et caterva se encontram sobejamente na História do Partido, mas vou me limitar a questões pontuais.

Começo com uma frase do primeiro parágrafo do texto: "Nada tinha de “marxista ateia". Pois bem, Frei Betto, ela não era o quê? Marxista ou atéia? Quanto ao fato de ela ter sido Marxista, acho que nem a cretinice da militância petista tem coragem de negar, mas e hoje? É ainda ela socialista? Vou deixar que ela mesma responda à pergunta do jornalista da Folha:

http://www.youtube.com/watch?v=TdjN9Lk67Io&feature=player_embedded

Quanto ao fato de ser atéia, bem, prefiro não me aprofundar no assunto, mas que é engraçada a posição da candidata é. Em pouco tempo, ela passou de agnóstica para católica desde criancinha, passando por um período de uma "força superior" e da "deusa-mãe Maria". Gostaria, entretando, de dizer que isso me causa grande desconforto. Não gosto de entrar em conflitos, mesmo no campo meramente ideológico, mas eu aprendi- e creio firmemente nisso- que quem poupa os lobos sacrifica as ovelhas, mas vamos que vamos.

Vejamos como continua o Frei: "Nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte." Aí, a piada ganha novos traços, mas a penumbra da tragédia assume um caráter assustador.

Uma pessoa desinformada, bombardeada pela "intelectualismo" esquerdista tem uma visão deformada das coisas. É simplemente ridículo. O que o texto quer? Suscitar uma visão plástica em que os militares fiquem esfregando as mãos e dando gargalhadas tenebrosas enquanto Dilma e CIA sofriam, inocentes, pela Nação e pelo povo brasileiro? Dá-me paciência...

O celébre jurista Ives Gandra Martins falou tudo, dizendo tão pouco: "Torturador de direita é um demônio; torturador de esquerda é um santo". Frei Betto está falando de que torturador? Os da ditadura ou os de Dilma? Ah, sim dos militares... Das torturas, homicídios e roubos dos terroristas esquerdistas nada, absolutamente nada, o que realmente não me surpreende.

Pois bem, os militares não estavam sozinhos "esfregando as mãos" e "dando risadas tenebrosas". Com eles, mas em lados opostos, estavam os "amigos" da Dilma, ou companheira Estela, Luísa e Vanda, pseudônimos dela.

Bem, pois é. Para quem não se conforma com informações abstratas, vamos à crueza dos fatos. Posso citar alguns nomes de pessoas mortas pelo grupo terrorista de Dilma? Vamos lá, amigos: Almirante Nelson Gomes, Régis de Carvalho, Charles Chandler, Mário Filho, Alberto Mendes, afora os numerossísimos assaltos à mão armada, como na casa do governador Adhemar de Barros. Só neste assalto, eles roubaram um cofre bastante generoso. Ah, e os românticos que acham que ela não tem nada a ver com isso, olhe um depoimento de um de seus "amigos", o ex-sargento e ex-guerrilheiro Darcy Rodrigues: "A Dilma era tão importante que não podia ir para a linha de frente. Ela tinha tanta informação que sua prisão colocaria em risco toda a organização. Era o cérebro da ação”.

Ah, e para quem acha que os companheiros estão arrependidos, eu só posso rir em comiseração. Olhem esse vídeo tão recente como aberrante dos companheiros:

http://www.youtube.com/watch?v=lXcP8bTAK04&feature=player_embedded

Bem, isso dá muito pano para a manga; mas continuamos com o texto: "De nossa amizade, posso assegurar que não passa de campanha difamatória -diria, terrorista- acusar Dilma Rousseff de "abortista" ou contrária aos princípios evangélicos."


Esse é o tipo de frase que temos que ler, reler e reler novamente para vermos se estamos ficando doidos ou se o texto é mesmo non-sense. Quer dizer que é boato e difamação que a Dilma defendia o aborto? Vou me calar e deixar que ela mesma responda:

http://www.youtube.com/watch?v=TdjN9Lk67Io&feature=player_embedded

Agora, temos uma sinuca: o aborto é uma BANDEIRA DO PT, decidido em um Congresso do Partido, e presente no PNDH3. Tanto é assim que, há alguns meses, DOIS DEPUTADOS FORAM EXPULSOS DO PARTIDO POR MILITAREM CONTRA O ABORTO. Diante da opinião pública, Dilma recua, e o Partido se faz de doido e de desentendido. Agora, que Dilma firmou acordo com os evangélicos dizendo que não apoiará abortos, fica a pergunta: ela também será expulsa do Partido? Claro que não! Mas... e os princípios do Partido? Bem, eu já não acredito em princípios petistas já faz tempo, a não ser aquele "princípio": os fins justificam os meios; mas essa não deixa de ser uma boa pergunta, e o deputado expulso do Partido, Luiz Bassuma já cobra as medidas cabíveis: "Para ser coerente, a Dilma também deveria responder à Comissão de Ética e ser punida. Porque eles me puniram por isso". Coerência no PT, deputado? Aí é querer demais!

Alguém disse que uma mentira, se for mil vezes repetida, torna-se verdade, e já foi dito "Menti, menti. Alguma coisa ficará!". Eu me sinto pessoalmente agredido em minha pessoa, em minha inteligência com uma afirmação tão risível, como essa do texto de que Dilma nunca foi pró-aborto. Não é só uma inverdade; é uma afronta!

Eu gostaria muito de continuar, mas não quero abusar da paciência dos leitores. O texto já vai por demais longo, mas eu termino com os dois ápices da comédia:

"Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho."

Sério, pessoal, isso é uma piada, não é? E uma piada de péssimo gosto. Se ela nada fez contrário ao contéudo da Fé cristã, ela nunca pecou! Vamos tirar os Fundadores de Ordens, os grandes santos dos altares e os grandes protagonistas da História cristã. Sabe como é... eles pecaram! Já ela nada fez! Agora, a minha dúvida: será que para o autor ela também nasceu Imaculada? Sei lá, vindo de petistas já nada me surpreende...

E não venha alguém me dizendo que o autor usou de imprecisão linguistica. Faça-me o favor: ele é um religioso. Negrada, duvido nada daqui alguns dias fundarem a Igreja Vermelha do PT: no altar, a foice e o martelo.

O autor termina triunfante dizendo que o Governo Lula tem aprovação de 77% da população. Só gostaria de lembrar que, há alguns dois milênios atrás, mais de 77% dos presentes gritavam: "Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos! ". Eles faziam isso sem saber Quem crucificavam; mas muitos de hoje sabem muito bem o que fazem, como que pedindo: "Agora, que caia o sangue de nossos filhos sobre nós", pois o Holocausto Silencioso é não apenas praticado às escuras, mas defendido inescrupulosamente. Saibam, porém, que responderemos por esse sangue inocente por nossos votos e atitudes. A Terra já clama por vingança, farta de sangue inocente. Se alguns preferem se apegar à sua opinião, não por ser verdadeira, mas por ser a sua, eu até entendo; mas sacrificar a consciência no altar da partidolatria é incompreensível.

sábado, 16 de outubro de 2010

Era tão pequeno




Fantástico poema que nos ajuda a refletir acerca do Holocausto Silencioso:



"Era tão pequeno!"


Era tão pequeno
que ninguém o via.
Dormia sereno,
enquanto crescia.
Sem falar, pedia
– porque era semente –
ver a luz do dia
como toda a gente.

Não tinha usurpado
a sua morada.
Não tinha pecado.
Não fizera nada.

Foi sacrificado
enquanto dormia.
Esterilizado
com toda a mestria.
Antes que a tivesse,
taparam-lhe a boca

– tratado, parece,
qual bicho na toca.

Não soltou vagido.
Não teve amanhã.
Não ouviu: “ – Querido...”
Não disse: “ – Mamã...”

Não sentiu um beijo.
Nunca andou ao colo.
Nunca teve o ensejo

de pisar o solo,
pezito descalço.
andar hesitante,
sorrindo no encalço
do abraço distante.

Nunca foi à escola
de sacola ao ombro,
nem olhou estrelas
com olhos de assombro.

Crianças iguais
à que ele seria,
não brincou com elas
nem soube que havia.

Não roubou maçãs,
não ouviu os grilos,
não apanhou rãs
nos charcos tranquilos.

Nunca teve um cão,
vadio que fosse,
a lamber-lhe a mão,
à espera do doce.

Não soube que há rios
e ventos e espaços.
E Invernos e estios.
E mares e sargaços,
e flores e poentes.
E peixes e feras –
as hoje viventes
e as de antigas eras.

Não soube do mundo
Não viu a magia.

Num breve segundo,
foi neutralizado
com toda a mestria:
Com as alvas batas,
máscaras de Entrudo,
técnicas exactas,
mãos de especialistas
negaram -lhe tudo
(o destino inteiro...)
- porque os abortistas
nasceram primeiro.

Renato Azevedo (Advogado)
Santo Tirso, 1998

sábado, 9 de outubro de 2010

A dignidade da coragem


Eu, até há alguns anos atrás, não conseguia compreender a exaltação da Juventude, como a mais bela fase da vida humana, radiante de vitalidade e exulberante de vida. Louvam-na os poetas em seus versos, os românticos em suas prosas, os políticos em seus palaquenques, os oradores em seus discursos, e eu sempre um pouco atônito, um pouco perdido sem saber a causa dos elogios, o porquê das exaltações.

Com o tempo, passei a entender melhor tudo isso e descobri que era a minha interpretação errônea que causava essa divergência. Quando eu lembrava da Juventude, associava, como que de imediato, à Juventude dos anos 60, do "sexo, drogas e Rock'n Roll". A Juventude, como um todo, seria a personificação daquele lema epicurista: "Da vida só se leva a vida que se leva".

Pois bem, eu estava errado. A exaltação da Juventude não se dava pelos motivos que eu imaginava.

Uma vez algum escritor- cujo nome não me lembro- estava em um restaurante, próximo a um senhor já de idade, que estava sozinho na mesa. Quando indagado pelo garçom o que ele desejaria, o ancião respondeu com a voz embargada e os olhos marejados: "Eu queria... Eu queria querer alguma coisa".

Hoje, eu percebo que a beleza da Juventude está na sua coragem e determinação. Na capacidade de defender suas convicções, seus ideais, mesmo a um preço muito caro.

Isso me lembra um trecho do "Ortodoxia", de G. K. Chesterton:

"Quando um homem de negócios censura o idealismo de seu office-boy, geralmente o faz numa fala mais ou menos assim: "Sim, claro, quando a gente é jovem, tem esses ideais abstratos, e cónstrui castelos no ar. Mas na meia-idade todos eles se desfazem como nuvens, e a gente passa a acreditar na política prática, a usar as máquinas que tem e a conviver com o mundo como ele é". Assim, pelo menos costumavam me falar na juventude senhores veneráveis e filantrópicos que agora ocupam honradas tumbas."

Agora, percebo que a Juventude, tão exaltada, nada ou pouco tem a ver com o número de anos, mas sim com a vitalidade e jovialidade de espírito. É a capacidade de quebrar paradigmas, de avançar intrépida, de pular obstáculos, de abandonar a tudo e a si mesmo que é exaltado, que é estimado, que é querido, que é louvável.

Muitos, com o passar dos anos, perdem essa capacidade: de surpreender-se com o mundo, de perceber a beleza da vida e a dignidade da luta. Alguns se deixam abater pela corrupção do mundo e, passivos e inertes, tomam a resolução de que todo ideal mais digno e utópico; que todo esforço é perda de tempo, e, como o homem de negócios de Chesterton, passa a se acomodar nas 'máquinas do mundo'.

Há uma frase poética de Veríssimo bastante profunda: "Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu". E quase morrer é perdar os sonhos, os ideais, a percepção do belo, do justo e do bom.

Então, se a Juventude é esse estado de espírito de não perder o encanto pelo Mundo, pela Beleza, pela Virtude, pelo Bem; se é o encanto de perceber que tudo é mágico, e incrível, e novo, e exuberante então nada tem a ver com os anos do corpo, nem com as badaladas de um relógio.

Lembro-me agora de uma música do seriado Chavez:

"Existem jovens de oitenta e tantos anos,
E também velhos de apenas vinte e seis.
Porque velhice não significa nada,
E a juventude volta sempre outra vez!"
E, em outro trecho:

"E você é tão jovem quanto sente
Pode apostar: é jovem pra valer
E velho é quem perde a pureza
E também é quem deixa de aprender!"

"Não diga não à vida que te espera,
Pra festejar a alegria de viver,
Pra agradecer a luz do seu caminho,
E você vai com isso entender!"

http://www.youtube.com/watch?v=E6fk3xnTLak

Certa vez, Einstein disse que só há duas posições quanto à vida; ou não existem milagres, ou tudo é um milagre. Ser jovem de espírito é perceber que tudo é um milagre- e encantar-se com isso, o que nos permite a capacidade de sonhar, e assim... de viver!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

E agora, José?



Finalmente, sobrevivemos ao dia 3 de Outubro- cambaleantes, feridos, mas vivos; afinal, todos sabemos que esse segundo turno tem um gostinho de derrota para a senhora Dilma e seu partido.

Quando estamos em uma situação de miséria, qualquer migalha que nos dão é, para nós, um banquete. Ir a um segundo turno não é lá grande vitória, nem há assim tantos motivos para comemoração, mas não tem como não me deixar alegre, a vislumbrar ainda um tênue fio de esperança.

Mas essa derrota do PT é parcial. Com preocupações, assisto à meteórica ascensão do Partido nos cargos do Legislativo. A bancada governista é assustadoramente grande. Fazem-se bem atuais as tremendas palavras de Rui Barbosa, proferidas já há tantas décadas:

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."

Agora, vamos ao segundo turno, e é bom sabermos que não temos duas opções antagônicas: uma boa, e outra ruim. O que temos é uma opção ruim, e outra pior ainda; ou, como disse alguém, é a batalha Alien x Predador"; porém está mais na cara que nariz que José Serra é a opção menos ruim para um cristão que honre sua Fé; para um brasileiro que ama seu País; para um cidadão que ama a liberdade.

Bem, as esperanças de que José Serra ganhe são realmente exíguas; porém a esperança é a última que morre, e erraremos se nos omitirmos, pois é um grande erro deixar de fazer tudo o que se pode por não se poder fazer tudo o que se quer.

Com o poeta, perguntamo-nos: "E agora, José?"