quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Amici


Amici, ad qui venisti?

Tentando juntar o útil(?) ao agradável, inauguro este pequeno blog.
Lembro-me que certa dia, lendo Chesterton, percebi que a visão de mundo de uma criança ultrapassa, em muito, o que ela consegue expressar aos outros e a si mesma, e percebi também que, no jogo da vida, todos somos crianças.

Então, pude ver que realmente os gregos estavam certos: cada homem é um mundo.

Somos verdadeiros Universos vivos, cheios de sonhos e esperanças; alegrias e tristezas; euforias e decepções; marcas que foram deixadas nas estradas da vida.

E hoje sei que escrever nos ajuda a detectar e perceber tudo isso. Ajuda a ouvir aquele brado do templo de Delfos que atravessa os séculos: γνῶθι σεαυτόν- conhece-te a ti mesmo.

Pois bem, é com esse propósito agradável que surge esta página. Apenas um pedaço de papel virtual para eu esboçar algumas idéias, a fim de melhor conhecê-las. Feito por mim e para mim. Se, aos outros, para nada servir estas páginas, bom; se servir para algo, melhor ainda!

Hoje eu valorizo mais o HOJE das nossas vidas. O nosso tempo de passageiros por essas bandas é muito curto, para que o perdamos em medos tolos, em receios vãos.

Pois bem, inauguro as postagens com um texto de Sêneca a seu amigo que muito me encanta:

"Meu caro Lucílio, reinvidica a posse de ti mesmo. Teu tempo até agora te era tomado; roubado; ele te escapava. Recupera-o e cuida dele. A verdade, ei-la: nosso tempo, arrancam-nos uma parte dele, desviam outra parte e o resto nos escorre entre os dedos. Todavia é mais digno de censura perdê-lo por negligência. E, para quem considera bem, uma boa parte da vida decorre em feitos desajeitados; outra parte decorre na vadiagem; a vida inteira passa enquanto fazemos coisas diferentes da que devíamos fazer.
Poderias citar-me um homem que dê valor ao tempo, que reconheça o valor de um dia, que compreenda que ele morre diariamente? Nosso erro está em julgar que a morte está diante de nós. No que se refere ao essencial, ela já passou. Uma parte da nossa vida está atrás de nós e pertence à morte.
Por conseguinte, caro Lucílio, faze o que dizes: segura cada hora. Serás assim menos dependente do amanhã, pois tu terás te apoderado do dia presente. Os homens adiam a vida para mais tarde. Enquanto o fazem, a vida se escoa.
Lucílio, tudo se acha fora de nossa alcance. Somente o tempo nos pertence. Este bem fugidio, escorregadio, é a única coisa de que a natureza nos fez proprietários. E o primeiro que sobrevem, no-lo arrebata! As pessoas são loucas: diante do mínimo presente, de quase nenhum valor, cada qual se sente obrigado a retribui-lo, ao passo que ninguém se julga obrigado em virtude do tempo que lhe é concedido, tempo que é a única coisa que homem algum pode retribuir, seja ele o mais grato dos homens" (Sêneca, Carta a Lucílio I).

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